quarta-feira, 1 de julho de 2020

Foi um sonho?..., diálogo de José Paracana e Gottfried Pandalitschka

 
José Paracana
17 de Novembro às 16:56
Esta obra-prima de quando em vez é salutar ouvir para pensar! 
Ajuda a manter sanidade e consciência geral!
Touradas, estivadores em greve, Alcochete, Oliveira e Costa (e seus parceiros...) sem ser preso, Tancos, saúde sem pessoal, justiça de caracol. Futebol a envenenar o ar. Comboios em ineficácia irresponsável. 
Professores enganados e com vidas reduzidas. 
Banca que chupa comissões.
Gasolinas...nem pensar! Etc. Muitos etc...
Foi o sonho lindo que roubaram. 
Corromperam!? 
Enforcaram... A bem dizer!
YOUTUBE.COM
Comentários
Também não é tudo preto, preto. 
Também já estou há 38 anos a viver em Portugal e noto uma melhoria significativa. 
Há muitos problemas, mas não se pode resolver tudo duma vez. 
Só para mostrar: Justiça de caracol. 
Sim, sempre achei que uma das peças fundamentais num pais é a justiça, mas os processos contra bancários e outros corruptos já são um avanço, porque até agora foram muitas vezes abafados. 
E saúde: Somos uma sociedade a envelhecer e ainda por cima a medicina está a desenvolver (e por isso também vivemos mais anos). 
São precisos mais e mais médicos, enfermeiros, hospitais. 
Quantos hospitais novos já foram construídos só em Coimbra nos últimos tempos e ainda não chega. 
Mas claro, deviam pagar mais aos enfermeiros, aos professores, aos trabalhadores da justiça, mas o dinheiro tem de vir de qualquer lado = dos nossos impostos, por isso gasolina mais barata não faz sentido. 
O 25 de Abril também não teve resposta instantânea a estes problemas. Parece-nos lento demais, mas pelo menos estamos a evoluir. 
As greves também mostram exactamente isso: Quando as pessoas têm medo de serem despedidas não fazem greve....
Gerir

E por acaso, sempre gostei do José Mário Branco.
Gerir

Olá, meu caro Gottfried! Estive já 3 vezes na tua Áustria! 
E de facto, temos muito caminho para andar! 
Mas os bons vão embora: médicos, enfermeiros, cientistas! 
O meu neto (32 anos e gestor de empresas...) está em França, presidente da Honeywell Aftermarket Europe! 
Uma empresa americana na lista das 100 da Forbes! 
Um ordenadão, carro, credit card... e ele sabe que a dívida não deixa margem para evoluir! 
É impagável! 
Esse é o busílis, o grande problema que os governos escondem do povo! Que, de resto, só se interessa pelo futebol, submetido a esta total manipulação!
Gerir

O meu filho também trabalha na Suiça, mas isso não é uma falta dos governantes Portugueses. 
O problema é que só em 1974 Portugal se despediu do fascismo, enquanto na Áustria e na Alemanha isso já aconteceu em 1945, com a ajuda dos Americanos. 
Estes 29 anos não se recuperam tão depressa. 
É preciso muito mais tempo. 
Quando eu vim a Portugal em 1980 o atraso era de décadas, mas está a diminuir. 
Que os nossos filhos têm uma educação tão boa que podem ter bons empregos lá fora já diz alguma coisa. 
Antigamente eram os Portugueses sem educação que emigraram, agora já são maioritariamente jovens com estudos que são muito bem vindos nos países onde faltam trabalhadores. 
A chatice é que Portugal pagou os estudos e os outros aproveitam a boa mão de obra....e aqui ficam os velhos. 
Mas as coisas já estão a mudar, só que lentamente. 
No ano passado vieram outra vez mais pessoas a Portugal do que saíram. 
E quando o desemprego baixa voltam a subir os ordenados. 
Agora, nós partimos de posições diferentes. 
Quando um Português ganha 500,- e um Alemão 1.000,- e ambos aumentam 2% quer dizer que o Português fica com 10,- mais e o Alemão com 20,-. 
Tínhamos de aumentar mais de 4% para apanhar os Alemães, o que é difícil de atingir. 
Mas as pessoas gostam de compram carros Alemães e não estou a ver uma marca Portuguesa que lhes pode fazer frente. 
Já é bom que a Volkswagen também produz em Setúbal e paga bem aos seus trabalhadores (que mesmo assim as vezes fazem greve). 
Só falta pagar também os trabalhadores do porto de Sines para transportar os carros que produzem para os destinos da exportação. 
É que o trabalho precário é mais um dos problemas que nos resta da crise económica e a tróika ainda piorou....crise esta que não foi feita pelo Sócrates, como muitos dizem, mas pelos bancos nos EUA que a exportou para todo mundo. 
Portanto, ainda temos muitos problemas para solucionar, mas acho que estamos no caminho certo. 
É preciso muita paciência. 
Entretanto o futebol é uma boa distração enquanto se espera por melhores tempos, mas confesso que tambmé me chateia quando ligo as notícias e só falam de futebol.
Gerir

Gottfried Pandalitschka o que eu omiti é que em Portugal nenhuma empresa aceitaria nomear um presidente com 31 anos! 
Está melhor o país...comparado com a ditadura! 
Mas esqueces a dívida que nos impede de viver com dignidade! 
Com 585 euros de salário mínimo... está tudo dito! 
O futebol sempre foi o ópio do povo de par com a igreja católica!
Gerir

Tens razão que em Portugal há um problema nas chefias das empresas, é que a maioria das empresas é pequena e normalmente é o dono a determinar tudo...e este muitas vezes não está preparado para gerir uma empresa. 
Pelo menos aqui na zona de Anadia e Águeda são normalmente bons trabalhadores que dizem "ganho tão pouco aqui, vou fazer a minha própria empresa". 
São bons trabalhadores e percebem tudo da produção, mas faltam muitas vezes conhecimentos económicos. 
Agora este também é um dos nossos problemas: Portugal é um país pequeno e não desenvolveu marcas grandes, como na Alemanha ou nos EUA. 
A maioria das empresas é pequena. 
Eu conheço muito bem este problema. 
Quando quero pouca quantidade para um cliente dizem que é muito pouco, mas quando tenho um cliente grande dizem que não têm capacidade de fornecer. 
Assim ficamos numa situação de sermos fornecedores pequenos, sem nome, sem marca conhecida e temos de oferecer preços baixos aos compradores. 
A Áustria também é um pais pequeno, mas tem a vantagem de ter a Alemanha ao lado e a mesma língua. 
Também tem poucas grandes marcas, mas como a língua é a mesma os Alemães têm grandes fábricas na Áustria. 
O mesmo acontece com a Irlanda, que vive daquilo que tem a mesma língua como a GB e os UAE....e muitos emigrantes Irlandeses naqueles países. 
Portugal ainda não está a lucrar muito do Brasil, Angola, etc., mas quem sabe, no futuro pode ser importante, como pode ser importante de ter tantos emigrantes na UE. 
Talvez um dia um gerente Português duma grande empresa Suiça ou Francesa faz uma fábrica em Portugal. 
E por acaso sempre há um avanço, empresas ficam maiores e podem empregar gerentes com estudos da economia, e há empresas Brasileiras, como a Embraer no Alentejo, que podem aproveitar os bons trabalhadores Portugueses e o facto de Portugal estar na UE. 
É isso que precisamos, trabalho qualificado e bem pago, para baixar o número das pessoas que só ganham ordenado mínimo, que ainda são demais em Portugal. 
Por tudo isso eu não sou tão pessimista para Portugal, mesmo que eu tive muitas experiências negativas com empresas Portuguesas, mas acho que algo está a mudar para o melhor. 
As empresas mal geridas vão fechar e os bons ficam maiores e podem pedir preços mais altos e pagar mais aos trabalhadores. 
O que precisávamos agora seria uma continuação do bom clima económico internacional....e aqui vejo os grandes problemas com o louco do Trump e parceiros Putin, Erdogan, etc.
Gerir
Eu estou a escrever muito, mas explicar os factos demora muito mais do que fazer uma simples afirmação. 
Por exemplo: Ontem o presidente do Banco Nacional disse outra vez que o problema em Portugal é a baixa produtividade. 
Eu fico sempre zangado quando os economistas fazem uma afirmação destas sem explicação. 
É que "o povo" pensa "pronto, o problema é nosso, nós produzimos menos do que os Alemães, por isso ganhamos menos". 
Agora, o que os economistas não dizem é que há várias "produtividades": 
Uma é quantas peças um trabalhador produz por hora e isso depende também da máquina na qual trabalha. 
Eu trabalhei numa fábrica Belga onde medimos quanto os Portugueses produziram com máquinas vindas da Bélgica e verificamos que os Portugueses até produziram mais peças do que os Belgas. 
Mas na indústria textil e em outras as fábricas compram máquinas usadas da Alemanha e produzem nelas. 
Agora queres comparar quantas peças um Alemão produz numa máquina nova com as peças que um Português produz com a máquina usada que para os Alemães já não prestava? 
Mas outra coisa é que os economistas normalmente usam aquela palavra "produtividade" no sentido "valor do trabalho por hora" e neste caso não são só as peças produzidas, mas também o valor das peças produzidas. 
Mas o valor=preço e depende daquilo que o comprador quer pagar e para uma peça dum Mercedes paga mais do que para uma peça no-name produzida em Portugal. 
Pior, esta peça podia ser produzida em Portugal, mas para a Mercedes e a diferença entre o preço da produção e a venda como peça Mercedes não fica em Portugal, mas vai para a Alemanha. 
Mas isso é uma coisa que os economistas na TV não explicam, porque demora tempo demais. 
É que esta produtividade da qual eles falam depende muito do preço que podemos obter para os produtos que produzimos. 
Por exemplo: Nos vinhos já chegamos a qualidade máxima, como mostram as muitas medalhas que produtores Portugueses ganham em concursos internacionais, mas ninguém paga o mesmo preço para um vinho Português e Francês. 
Porque será? 
Acontece que o vinho Português não tem a mesma imagem como o vinho Francês. 
Mesmo assim estamos no caminho certo, muitos prémios internacionais fazem que com o tempo o vinho Português também vai ficar "na moda". Infelizmente eu já não vou ganhar muito com isso, porque isso demora, demora, demora....
Gerir

A dívida pública e privada em Portugal é mais um problema grave. 
Antes da crise económica em 2007 a dívida pública era a volta dos 60%, mas depois aconteceu a crise, que começou com os sub-primes nos EUA e espalhou-se por todo mundo. 
Acontece que nos EUA os bancos deram créditos para casas a pessoas que não tinham hipótese de os pagar, pensando que com a hipoteca das casas está tudo salvo, porque os preços das casas estavam sempre a subir. 
Estes bancos fizeram pacotes de créditos e hipotecas,e os chamados sub-primes, e venderam estes pacotes a outros bancos, Alemães, Francesas, etc. 
E as agências de rating deram a estes pacotes a nota máxima "AAA". 
Depois os preços das casas baixaram e o sistema todo começou a desmoronar, nos EUA como em outros países. 
Todo o sistema bancário do mundo estava em perigo de colapsar depois dos Lehman Brothers abriram falência e todo mundo estava a edum desastre enorme. 
Felizmente esta crise não era tão desastrosa, porque os governantes depois reagiram da maneira correta e apoiaram os bancos. 
Mas isso custou muito dinheiro aos estados e as pessoas privadas que perderam muito dinheiro, o que restringiu o consumo e logicamente a produção. 
E sempre que há um problema destes as empresas tendem de defender a produção nos próprios países. 
Como Portugal é um pais que na maioria dos casos só fornece peças, por exemplo para a Alemanha, estas peças, como havia menos trabalho na empresa mãe, foram feitas na Alemanha. 
A exportação Portuguesa caiu, bancos precisavam de dinheiro e o estado tinha de pedir dinheiro no mercado e desta vez as agências de rating deram notas negativas, o que significa que Portugal tinha de pagar juros í, como também a Grécia. 
E nesta situação há sempre aqueles que ganham com a miséria dos outros a especular contra países inteiros. 
Isso tudo não teria sido necessário com os países da UE a agirem juntos. 
Com os chamados "Eurobonds", nas quais toda a Europa garante o pagamento das dívidas, os juros ficariam no chão, mas países como a Alemanha e a Holanda não queriam fazer parte disso. 
Quer dizer que nós estamos nesta situação porque os outros não eram solidários connosco. 
Só em 2012 Mário Draghi parou a especulação, contra a vontade da Alemanha, a dizer que o Banco Europeu ia proteger os países da UE. 
Bem, mas agora chega, ainda vou fazer outras coisas hoje.
Gerir


José Paracana gostei da análise efetuada pelo Gottfried Pandalitschka... 
Retrata corretamente e com alguma profundidade a situação vivida e a que se vive no nosso país...

Sem comentários: