terça-feira, 1 de setembro de 2015

Uma simples análise SWOT de Portugal, por Rui Ramos Pinto Coelho

Hoje ao passar os olhos pelo "OJE" deparou-se-me um texto, da autoria do Gestor Rui Ramos Pinto Coelho, que achei deveras interessante e pouco tratado pelos nossos "mídia" e tomei a liberdade de o transcrever:

Uma simples análise SWOT de Portugal

Por: Rui Ramos Pinto Coelho
 
Agora que se discutem programas para o futuro do país, talvez seja interessante partilhar um exercício, partidariamente descomprometido, de ordenação das principais forças e fraquezas (internas) e das oportunidades e ameaças (externas) de Portugal. Ou seja, uma simples análise SWOT, como contributo para a definição de estratégias para atingir o máximo desenvolvimento sustentável, que todos desejamos.
 
Pontos Fortes:
 
– Cidadãos (talentos) nacionais e estrangeiros residentes, de todas as áreas. Um potencial enorme e mal aproveitado devido aos fortes obstáculos no acesso a educação e emprego de qualidade, com que muitos se deparam, dificultando as possibilidades de realização e de maximização da sua rentabilidade, em prol do país;
– Diáspora, cerca de 5 milhões de talentos espalhados pelo mundo, empresários, investigadores, artistas, gestores, técnicos, de valor incalculável como “embaixadores” de Portugal, parceiros de negócio, investidores e até consumidores de produtos portugueses;
– Território e recursos naturais, do Minho ao Algarve e Ilhas, incluindo o nosso enorme mar. Muito dele com infra-estruturas de excelência. Não é por falta destes recursos que o país não é rico, mas sim pela incapacidade de os aproveitar da melhor forma;
– União Europeia, pertencer ao maior bloco económico mundial (500 milhões de habitantes) e o mais civilizado, mercado para os nossos produtos, rede de segurança económica e militar é uma enorme vantagem, que poderia ainda ser melhor se se melhorasse o seu funcionamento;
– Portugal 2020, 25.000 milhões de euros disponíveis para financiar o nosso desenvolvimento colectivo que, se bem utilizado e tanto quanto possível antecipado, poderá impulsionar fortemente a economia.
 
Pontos Fracos:
 
– Dívida externa, elevadíssima, que nos torna vulneráveis face a qualquer problema nacional ou internacional que possa ocorrer, e vão ocorrer, devendo assim a sua redução, profunda e acelerada, ser uma prioridade;
– Sistema politico-constitucional, aparentemente bloqueado, que dificulta a obtenção de maiorias e consensos e promove fracas lideranças que, “tornam fraca a forte gente”, incapazes (?) de colocar o país à frente de interesses menores;
– Arquitetura legislativa e administrativa confusa, promotora de lentidão e injustiças, demasiado preocupada com o acessório – procedimentos, e não com o essencial – a justiça e o desenvolvimento;
– Nível de exclusão, educativo, cultural e económico muito elevado. Atente-se ao desperdício de ter 14% de desemprego (oficial…).
 
Oportunidades:
 
– Globalização, aparente inevitabilidade civilizacional com a qual podemos ganhar muito, se soubermos jogar o seu jogo, ou perder muito se a quisermos contrariar unilateralmente… Dela decorrem oportunidades em todas as áreas, designadamente no comércio, turismo e na captação de:
– Talentos, agora que, como nunca, os talentos podem viver em qualquer lugar devíamos aproveitar a nossa qualidade de vida, boa imagem internacional e outras vantagens competitivas, para atrair os melhores de todo o mundo;
– Investimentos, agora que, o dinheiro nunca foi tão móvel e abundante, devíamos procurar captar o máximo de investimento externo, até à próxima crise;
– Empresas, agora que há um enorme movimento de criação de centros de serviço e nearshoring por parte de multinacionais, que procuram um mix de acesso a mercados e disponibilidade de recursos de qualidade a baixos custos, e tendo nós excelentes argumentos nestes domínios, deveriam ser prioritárias as medidas que contribuam para captar um máximo de empresas estrangeiras.
– Formação gratuita e massificada em programação, dando a todos: oportunidades de emprego, bases para criação dos seus próprios empregos (empreendedorismo) e literacia digital (novo factor de exclusão);
– Inovação, podemos (devemos) sempre inovar (reformar), por exemplo transformarmo-nos no país em que a relação entre os cidadãos e as empresas e o Estado é a mais simples. Não é difícil, nem caro, e trará enormes poupanças ao Estado, Empresas e Famílias, tendo forte efeito multiplicador na economia;
– CPLP, parceria estratégica com 250 milhões de habitantes em quatro continentes, que importa colocar rapidamente a produzir resultados palpáveis para populações e empresas.
 
Ameaças:
 
– Crises internacionais com efeitos no aumento dos juros da dívida;
– Crises nos nossos principais parceiros que afectem as nossas exportações e/ou os nossos emigrantes;
– Catástrofes Naturais, sabendo-se que é uma questão de tempo até à próxima, seria importante que fossem tomadas providências;
– Fuga acelerada de talentos e baixa natalidade, ou como caminhar a passos largos para a irrelevância;
– Consequências do aquecimento global como a subida das águas do mar e a maior competição pela água na Península Ibérica;
 
Rui Ramos Pinto Coelho
Gestor
ruirpcoelho@gmail.com